terça-feira, 3 de novembro de 2015

Little finger ou Desenconto 11

Seria exaltar cedo demais os fatos do destino ou realmente estava acontecendo algo diferente na semi-vida amorosa de Lilith?
As conversas telepáticas com Edmondo eram diárias, o tipo de atenção que ela sempre quis e nunca admitiu. Seguiam mútuas pequenas descobertas, bobagens que os faziam rir à toa, filmes preferidos, músicas marcantes e todo o tipo de baboseira que compõe os parâmetros de um envolvimento gradual e completamente enquadrado nos parâmetros sociais.
Malu ouvia as confidências de Lilith a respeito de Edmondo e se empolgava com o andamento da situação,procurando incentivar a não tão entusiasmada amiga.Não havia muita crença e nenhuma paixão, havia apenas a necessidade de viver algo "adequado"!
Não daria para negar que a atenção diária recebida por Lilith, a engrandecia...fazia com que lembrasse de como era bom ser lembrada e de certa forma, cuidada diariamente.Desde que Aderbal morrera, Lilith havia esquecido de como era bom estabelecer um contato contínuo, constante com alguém...
Porém, quaisquer conclusões, seriam um tanto prematuras, posto que ambos ainda não haviam se recolhido ao Chalé D'Azur.
Desta vez, Lilith não anteciparia nada, tudo de acordo com os caprichos do Senhor do Tempo...
Que Edmondo tomasse a iniciativa de levá-la ao chalé, que a cortejasse como há tempos ninguém fazia...
A situação toda tinha lá seu charme, só não havia paixão...
Quem sabe paixão fosse um sentimento dispensável e facilmente substituível por amizade e consideração?????

Certa noite de quarta ou quinta, encontraram-se Johnny, Malu e Lilith,como de costume, no Umbral. Lilith tivera uma forte premonição de que encontraria Edmondo por lá. Confirmou sua desconfiança com sua amiga vidente, Gaby.
Não demorou muito para que Edmondo chegasse, porém ele cumprimentou uns amigos dele,habitantes da Cratera Lunar Natalina e acabou sentado à mesa deles, no canto mais escuro da varanda. Não demorou muito até dirigir-se a Lilith.
Naquela noite, Johnny e Malu deveriam ir embora antes do nascer do sol e tal fato acabou por gerar uma enorme ansiedade em Lilith...ela teria que ficar a sós com Edmondo.
Malu não entendia o porquê de tamanha insegurança e , a bem da verdade,nem Lilith conseguia explicar.Talvez não quisesse ficar distante da proteção dos amigos, talvez seu coração não quisesse estar ali, talvez o medo de nova decepção velha, talvez receio de não querer ser...
Chegou a hora! Malu e seu amado se foram, tinham que partir. Johnny deixou uma reserva energética com a amiga, caso ela necessitasse.E ela precisou...
Ficou a mercê da sorte e entre Edmondo e seus estranhos amigos crateirenses. Óbvio que o papo fluiu, afinal conversar era uma das habilidades herdadas por Lilith. Ainda estava bastante incomodada por não poder compartilhar com os amigos, o momento do renascimento do sol para aspirarem ar hélio e renovarem a esperança guardada em suas respectivas caixas...
Edmondo não esperou muito a tomar a iniciativa e levá-la até o chalé D'Azur. Seguiram abraçados e a mente de Lilith divagava por outros mares...
Apesar das atitudes supostamente românticas de Edmondo, que de certa forma preenchiam os ideais de Lilith, havia algo que não se encaixava, aquilo tudo parecia bem hipócrita: frases feitas e atitudes calculadas demais!
Quem seria Edmondo,afinal? O grande?Grande em quê?Perguntas que por hora, ficariam sem resposta alguma.
Lilith não pretendia estragar tudo com seu excesso de questionamentos e preferiu acreditar que suas máculas antigas conduziam aquela impressão negativa a cerca de Edmondo. Deixou-se ir...preferiu deixar acontecer...preferiu absorver-se no anoitecer.
Uma luz vermelha se acendeu quando os dois chegaram à porta do chalé. Seria um daqueles sinais? Poderia sim! Havia 50% de chance de ser um sinal da Ordem...
Antes de entrarem no chalé, tiveram que se despir e passar por dentro de uma câmara higienizadora de corpos e inibidora de expectativas.
Edmondo era bom em descobrir recantos em Lilith que não eram explorados desde seu contato com Simonetti. Ao olhar melhor para Edmondo, porém, Lilith se assustou e perdeu os sentidos!!!!
Havia um camundongo minúsculo e subcutâneo instalado no baixo-ventre de Edmondo!!!!
Era medonho!!! Tão,tão,tão pequeno e asqueroso! Sua repulsa causou uma reação química em Edmondo que o fez explodir e na sequência se transformar ele todo, no pequeno camundongo...
O ratinho então, antes de desaparecer para sempre, apresentou-se. Seu nome era Little Finger...convenhamos, tão esdrúxulo quanto sua figura.
E então, Edmondo-O grande revelou-se bem,bem,bem pequeno...