sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Desenconto 10 - Edmondo, o Grande

A respiração contínua embaçava os óculos de Lilith, enquanto ela se distraia lendo notícias frias do século passado. Passava dias inteiros interagindo telepaticamente com Malu.Ambas conseguiam sentir o que se passava na alma da outra e , por hora, não havia muito a ler em Lilith,pois ela havia se esvaziado.
Malu fazia de tudo para restaurar a esperança de Lilith na humanidade perversa que vivia nos arredores da floresta.
Sem um resultado satisfatório, procurava outras maneiras de empolgar a amiga.
Horas passavam, o céu róseo transformando-se em negro velozmente e, então Malu subitamente, decidiu que seria uma noite propícia para uma breve estada no Umbral. Convocou Lilith para mais uma reunião...
Lilith estava cansada da imagem de adolescente fútil que seu traje constante a emprestava,precisava abandonar momentaneamente o shorts jeans, então escolheu dentre suas roupas, um vestido solto e discretamente estampado.Prendeu os cabelos displicentemente e, de cara limpa, seguiu para o encontro agendado mentalmente com Malu, Johnny e Andreas. Ao sair, antes de fechar o portão de sua casa, avistou ao longe que, ao pé de um baobá, se impunha a silhueta da farta cabeleira de Malu, fortemente abraçada a Johnny.
Seguiram juntos e , ao longe, identificaram Andreas de pé na varanda do Umbral, esperando calmamente por eles. Claro estava que todos estavam dispostos a passar bons e divertidos momentos juntos. E, apesar da apreensão de Lilith com relação a Andreas, a situação demonstrava que a afinidade entre eles não perecera junto ao ideal romântico, recentemente, afogado por ela no Lago Ness de seu pensamento.
Sob a iluminação indireta de naves que estacionavam no jardim do Umbral, a conversa entre os amigos, alternava momentos intensos a outros completamente leves. Malu reparou então, que um homem extremamente alto e um tanto desconhecido por elas, olhava insistentemente para Lilith.Prontamente, enviou uma vibração para a amiga...
Num primeiro momento, Lilith nem se preocupou com os tais olhares, já que encontrava-se tremendamente envolvida na conversa sobrenatural que desenvolvia com Andreas. Mas, seguindo uma imposição interna de olhar adiante, acabou observando melhor o ser que a mirava com atenção e enlevo. De imediato, ele recebeu os olhos dela com um belo sorriso, então ela permitiria a aproximação...
Quem sabe pudesse ser "adequado" aos ditames sociais? Ele parecia ter sua idade terrestre...
A armadura ficou em casa, mas a máscara continuava na bolsa para situações emergenciais. Colocou-a e ambos aproximaram-se. Conversaram um pouco e Lilith achou o cara razoavelmente inteligente, isso contava pontos. Constatou que ele não acreditava no sistema político vigente e que deixara de acreditar no comandante do Universo: o Óh Venerável Acaso!O encontro fluiu leve, mas Lilith preferiu voltar à mesa com os amigos, já que lá sentia-se segura e à vontade. Malu puxou-a pelo braço e se isolaram numa cápsula metálica privê para poderem se comunicar telepaticamente sem interferências de outros mundos.
Malu expressou integral apoio à aproximação que se dera entre Lilith e o cara, declarando que achou ele bonito e enquadrado nas especificações vigentes no atual governo universal. Lilith não se entusiasmou muito,mas se enquadrar poderia ser útil e funcional, talvez trouxesse a ela um pouco de paz e sono.
"Dane-se!!!Por que não?"
Quando ambas saiam da cápsula,após um breve colóquio, Lilith sentiu uma mão forte que a puxou.Sem proferir palavra alguma, Edmondo ( ou "o cara")começou a beijá-la - com certeza, ela não poderia reclamar de falta de iniciativa. Um leve torpor invadiu os sentidos de Lilith e sem ter mais onde se agarrar, deixou levar-se por aquele momento. Um corrente de elétrons escapava dos corpos de ambos e se manifestava efusivamente pelo ambiente, fato que mostrava que havia uma certa interação química acontecendo entre os dois.
Claro, acabou ficando preocupada pelo que Andreas pudesse pensar. Porém, nesse momento, Andreas que a tudo acompanhara, enviou uma vibração telepática de alívio e felicidade, afinal o que prevalecia entre eles seria sempre a amizade...disso, ele carregava uma certeza absoluta, quase divina.
Agindo como uma perfeita dama adaptada à clausura dos campos sociais de concentração, Lilith se desvencilhou de Edmondo-O grande e rapidamente juntou-se a seus amigos. Quando olhou em direção aos salões imperiais do Umbral, Edmondo havia sumido.
O dia voltou, trazendo sol e mormaço. Pode ser que o encontrasse novamente, pode ser que fosse ele seu exercício de adaptação, pode ser também que perdurasse pelos séculos seguintes, lendo notícia mortas...

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Desenconto 9 - Sobre amanhã a noite...

Tudo certo e operante! O dia continuou se transformando em noite, e as noites em manhãs que quase sempre provocavam os sorrisos displicentes e saudosos de Lilith e Malu.
Malu estava muito mais leve e tranquila,já não a atribulavam os espíritos errantes que vagavam pelas florestas vizinhas. Encontrara uma nova amizade e , ao que tudo indicava, verdadeira. Óbvio que existia "algo a mais", mas , de acordo com o poeta, a mais nobre forma de amor é a amizade.
Lilith por sua vez, voltara a se esconder nos escombros de sua antiga armadura e precisava como nunca, sair e sentir-se viva naquele final de semana. As amigas se comunicaram telepaticamente e combinaram um novo encontro no velho Umbral. Malu aproveitou suas habilidades decorrentes de sua hereditariedade celta e emitiu sinais propagados no ar para convidar Johnny, Gaudério e Andreas.
Em sua casa, Lilith despiu-se cuidadosamente de sua armadura e contava os segundos para gozar de um pouco de liberdade.Precisava se apartar um pouco, por poucas horas, daqueles pensamentos que se projetavam e passeavam o tempo todo e em todos os cômodos de sua casa. Apesar de conviver com este fenômeno desde os 5 anos, ainda era difícil acostumar-se com a visão materializada de suas projeções mentais, fossem elas lembranças ou esperanças. Não, ela não tinha o dom de prever o futuro. Esse presente denominado vidência, o Grande e Soberano Acaso, havia guardado para sua amiga Gaby...
Encontraram-se então, montados em seus respectivos cavalos, nas imediações do Umbral. Andreas e Gaudério,acabaram não aparecendo, pois tinham ido encontrar umas fadas gordinhas que haviam conhecido dois dias antes...
Malu e Johnny, logo se enturmaram com alguns clientes que faziam demonstrações de habilidades cinestésicas. Johnny era fascinado pelo mundo da magia e, quase que instantaneamente, aprendeu quase todos os ensinamentos que lhe foram passados. Os dois se divertiam muito e contribuíram para tornar aquela noite legendária.
Tão entretidos estavam, em meio a suas conversas e bebericando novas porções que lá eram oferecidas, que não perceberam quando um vapor esverdeado invadiu vagarosamente o Umbral.
Repentinamente, uma porta metálica surgiu por detrás névoa e começaram a surgir, um após o outro, ícones do rock declarados como mortos!!!!! Vieram Freddie, Michael Hutchence, Kurt Cobain, Raul, Cazuza e claro, o John Lennon. A comoção tomou conta do Umbral, causando furor nas fadas septuagenárias que tomavam seu famigerado chá das 03h03.
O grupo de amigos, imediatamente, aproximou-se dos ídolos que surgiam, perguntando sobretudo, como havia sido a travessia. Exceto Lilith, já que não suportava o Beatles e consequentemente, o chato do John Lennon ( exceto pela música Jealous guy!).O líder voltara em carne, osso, alma,história e óculos. Lilith fez um muxoxo e seguiu para a varanda a fim de respirar o ar da noite alaranjada, já que aquele vapor inalado,não fizera bem a ela.Acabou por acender um cigarro funcional, daqueles que pode-se fumar a noite inteira porque ele se regenera. Mal pôde perceber quando John - O Lennon se aproximou. Lilith tinha o defeito de ser muito educada e permitiu que esta aproximação acontecesse, sempre dava aos outros a oportunidade de se provarem essenciais à vida dela e melhores do que ela supunha. Ainda com expressão contrariada, ouviu as declarações de John sobre o Além Vida, sua experiência na Terra, sua inspiração para compor e claro, seu amor pela mocoronga da Yoko. Incrivelmente, até que o papo com Lennon- O John, foi mais entusiasmante do que Lilith desconfiaria. Em poucos minutos, conversavam como bons colegas de Umbral. O tempo, não se sabe quanto,passou e antes que Lilith pudesse perceber, John beijou seus lábios e partiu para a missão secreta na qual estava envolvido.
Lilith nem ligou, preferia o Kurt Cobain ou Michael Hutchence...mas, c'est la vie. Voltou para a área de convivência do Umbral e constatou que Malu e Johny jogavam gamão. Continuou vagando pelos milhares de ambientes que constituíam o Umbral...
De repente, uma força maligna a jogou contra a parede que se afundou, revelando um quarto escuro e sombrio. Sem reação, Lilith se submeteu àquela força,mas firmou o pensamento no seu protetor, o Guerreiro de Luz chamado Dexter. Quase perdendo as forças e sem conseguir identificar se o que via era real ou imaginário, sentiu um puxão que a teletransportou para a floresta nas proximidades do Vale dos Ventos. Quando levantou a cabeça, encontrou os olhos protetores de Dexter e se entregou num abraço comovente. Ele , sem proferir uma palavra sequer, segurou seu queixo e despediu-se com um beijo. Não seria a primeira vez que ele a salvaria...

domingo, 25 de outubro de 2015

Desenconto 8 - Recomeços...

Fosse por persistência em crer em dias melhores, fosse por birra perante a vida, fosse pela traiçoeira esperança ou pela falta da negação definitiva...Lilith continuou andando. Deixou planos e sonhos para trás e tudo o que bastava era o dia-a-dia. Trouxesse o dia um ato qualquer que ela reconhecesse como bom, era o suficiente para fazer agradecimentos em voz alta, durante o banho.
Ela tinha amigos!!! Malu estava ,como sempre, nutrindo sua amiga com esperanças vãs, posto que toda esperança é vã, já que faz parte do imaginário. Mas era desse amor que provêm da amizade que Lilith precisava. Risadas ao leu num canto ventilado do Umbral? Por que não?
Malu, Johnny e Andreas estariam no Umbral. Seria uma forma de reverenciar a amizade, rumo à transformação do ideal no real. Só que Lilith precisava se analisar e ter cuidado para não agir, novamente, feito uma fênix na TPM: jogando fogo ao redor e recolhendo cinzas alheias. Atos impensados que não serviram para finalidade alguma, apenas ocultaram mais sua verdadeira personalidade.
Parecia que Malu e Johnny estavam se dando bem...
O clima foi ficando leve no Umbral, a névoa persistente envolvia os amigos, num vapor muitas vezes tênue, outras vezes denso. Respirar estava ficando difícil, mas falavam sem parar, riam de qualquer alienígena que se aproximasse. Naquela noite, Malu não percebeu as diferentes gradações que a luz laranja da rua assumia, parecendo executar uma coreografia junto à névoa. O vento zunia frio, mas Lilith não queria estar em outro lugar...e pelo visto, Malu também não, já que permaneceu boa parte nos braços e boca de Johnny...
Ultimamente, dentre os frequentadores do Umbral, haviam muitos duendes, recém chegados do 15° círculo terráqueo da Vila Mortal. E apesar do nome horroroso do lugar de origem destes seres, eles eram bem calmos, capazes de desenvolver belíssimas argumentações. Lilith não dispensava diálogos inteligentes e acabou se envolvendo com Andreas e com um dos duendes provindo da Vila Mortal em conversas infindáveis. Sem nenhuma lógica cronológica, passaram por túneis de pensamento, lançando chamas de dúvidas e faíscas de provocações intelectuais...
Enquanto isso, nas imediações do altar do Umbral, Malu e Johnny riam muito e se beijavam mais ainda...
Amanhecia quando a charrete chegou à porta do Umbral para resgatar Johnny, Malu, Andreas e Lilith. O grupo de duendes já havia dispersado e provavelmente haviam se encaminhado para o Vale dos Ventos ou qualquer lugar que o valha. Andreas ansiava por ir embora, mas a charrete , repentinamente cessou seus trabalhos no exato momento em que deixava os amigos na porta da casa de Lilith.
Bom, ao menos seria uma oportunidade de recomeçar...estender as redes na sala e continuar a conversa. Quanto a Johnny e Malu, não perderam tempo e assim que entraram na casa, dirigiram-se para o dormitório de Lilith, alegando sono...
Através da janela, Lilith e Andreas percebiam que a coloração do céu se alterava, mas não estavam nem preocupados com isso. Já haviam entrado no caleidoscópio que criaram, entremeado pelas palavras que lançavam lá dentro...e todo o fora, de repente, deixava de existir. Era intenso ...músicas que povoavam suas cabeças foram compartilhadas por telepatia, no momento em que Lilith se lançou no colo de Andreas...iniciando um passeio infinito por seu pescoço, enquanto mesclavam suas experiências.
Malu, vez ou outra, passava por entre as redes da sala ostentando sua túnica azul celeste. Acendia um cigarro, tomava um café e voltava para o quarto. Com uma leveza quase transcendental ... e um tanto lépida. Johnny sequer era capaz de reunir forças para sair da cama. Ficara acorrentado pelo poder de Malu. Mas ainda era cedo demais para revelar certos segredos...
Fora uma boa noite, uma manhã rósea, um calidoscópio multicolorido, nova trilha sonora e um colo difícil de abandonar...

Zeca!!!!

Desenconto 7 - Sobre Lilith e Andreas,sobre Andreas e Lilith

E seguiram com a sensação de que alguma coisa havia, finalmente, acontecido. Mas seguiam caladas, porque é o melhor a fazer para não alimentar a antiga esperança de que , dentre os humanos, a vida seria capaz de colocar na vida delas pessoas boas.
Apesar de ter sentido uma afinidade muito grande com Andreas, Lilith era bicho acuado, sentia medo e preferiu não tirar a máscara. Continuou fazendo um simulacro de si mesma, pretendendo mostrar indiferença e superficialidade. Mas alguma coisa tinha acontecido, ela preferia continuar nos bastidores de sua própria vida, pois desconfiava de si mesma e de seus sentimentos. Seria melhor não esperar nada da vida, do destino ou de outra pessoa...
Muito melhor esperar o nada absoluto, o não cumprimento do compromisso marcado para segunda-feira...
Lilith sozinha, face a face com ela mesmo, não deveria e nem poderia negar a ansiedade que a invadia. Seis e pouco da manhã Andreas mandou mensagem, ele iria na casa de Lilith para um café. E nesse momento, sozinha em seu quarto e com o celular na mão, Lilith esboçou um sorriso...
Ela queria um tanto. Ele? Como saber o que outra pessoa pensa? Sabemos o que ela fala, quando fala...lembrando que a outra pessoa pode estar usando a máscara também. Como prever? Como adivinhar?
Ela sentiu que ele estava chegando e saiu de casa para recebê-lo com um tanto de coração saindo pela boca, com a alma sorridente, com tremor, com temor...beijaram-se fugazmente e entraram. Lilith queria que Andreas se sentisse a vontade. Conversaram e como da primeira vez, as palavras fluíam naturalmente, havia uma afinidade nas palavras e ideias desenvolvidas. Era encantador e assustador ao mesmo tempo, difícil acreditar na pouca idade de Andreas, pela inteligência e maturidade que ele carregava e a maioria dos homens mais velhos negava enquanto exibiam frases de um repertório superficial.
Pararam de falar por um tempo e seguiram juntos para o quarto. Estiveram calados e suados, uniram por este tempo, bocas, braços,pernas, respiração,abraços, línguas, suor, frio na barriga...êxtase e conversa, aconchego...
Houve o aparecimento do sorriso do gato da Alice, que sorrateiramente se alojou no colo de Andreas. Lilith preferiu ignorar sinais, pois por crer em símbolos inconsistentes ficara alguns anos alimentando o monstro da ilusão. Ela precisava um pouco de vida real, de presente! Cansou de viver mais tempo em seus sonhos do que na realidade. Podia ser né? Vai ver o destino terminara o rascunho de sua vida baseado em ilusões perdidas e dava uma chance de presente no modo indicativo. Melhor nada esperar e esperar...
Marcaram de se encontrar na quarta-feira seguinte, aquele grupo de pessoas que se encontrou por acaso, que se entenderam por acaso e que por acaso tinham histórias diferentes e tantos pontos em comum! O acaso havia, enfim, acertado???? Se encontraram e Lilith percebeu quase que instantaneamente o distanciamento de Andreas...mas, ela ficou brincando consigo mesma e tentando se enganar mais um pouco na tentativa de estender aquela expectativa de mudança, de acontecimentos reais...
Beberam, riram e ele se afastava. Ela precisava encarar os fatos. Era Thanatos novamente...Andreas a evitava, ela percebendo, mentia para si mesma, já que entendeu tudo errado sempre,talvez estivesse interpretando erroneamente a atitude dele. Lilith procurou se divertir, colocando a máscara da felicidade vendida em lojas de R$1,99. Colocou o óculos da escuridão e torceu para estar errada...
Todos se despediram por volta de 02h00, Andreas acompanhou Lilith carregando consigo seu distanciamento. Naquele cruzamento da Oscar Nelson com a Teotônio, ele falou calmamente sobre seus sonhos...
Foi bonito e triste ao mesmo tempo...
Andreas era realmente um homem decente, capaz de lidar com suas verdade, capaz de deixar clara a obscuridade. Ele queria mais, ela não era esse mais. Ele carregava o desejo de ter da vida o máximo possível. Ela percebeu que também podia querer...ele estava ensinando isso para ela, em poucas palavras. Fazendo com que ela resgatasse sua personalidade verdadeira, aquela que se despia da máscara...
O abraço foi apertado. Ele querendo ir. Ela querendo ficar...
Thanatos assistia a tudo, escondido na penumbra da noite, escorado da parede do condomínio vizinho...
Lilith atravessou a avenida. Andreas entrou na Oscar Nelson. Ela olho para trás. Ele não olhou...
O vento uivava e arrastava a máscara que havia caído na calçada...

sábado, 3 de outubro de 2015

Ímpar...só!

E eis que...recuperei a sensibilidade em alguns momentos nessa semana...
Chega um momento em que cada suspiro e virgula são importantes, em proporções similares...
E dia desses, olhando para a marca da sombra marcada no chão e a solidão rondando pelos lados,lembrei que há muito pouco tempo, era proibido que eu saísse sozinha...precisava de companhia para atravessar a rua e sempre conseguia alguém que fosse comigo, até a padaria..,
Agora, atualmente, vou só! Para a padaria, para o shopping, para a vida... ninguém é o suficiente para me encarar sem erros? Sem medo? Sem covardia?
Ando só, olhando a sombra que me acompanha na noite eterna e etérea...
Eu tenho coragem para espantar a sombra...teria a outra parte também?
Duvido...
Já perdi a inocência, permito que a vida prove a mim, que ainda vale a pena acreditar...
Estou mais perto da morte ou da realização?Sei lá...às vezes em que tenho que abortar sonhos, dói numa extensão tão ampliada, que não há palavras capazes de traduzir o sentimento.
Quem se importa??????????????????????
Ninguém!!! O mundo é muito ímpar para mim....