terça-feira, 19 de junho de 2012

Carne viva


  1. "Transformar problemas em aprendizado"
  2. "Seja você a mudança que espera dos outros"
  3. "O que é seu,volta"
  4. "Tudo tem seu tempo"
  5. "O problema não é você,sou eu"
  6. "O que não te mata te fortalece"


Ah, tá! Resolvi expor o que sinto sobre estas cansativas frases edificantes. Sempre as mesmas fatídicas frases rasas que só servem de esconderijo às frustrações. Será que tem alguém realmente que, depois de anos de decepções, consiga consolo lendo essas drogas?
Ou usa-se esse lixo tóxico só para fingir à plateia pagante que "estamos bem, obrigada. Porque o melhor virá..."

1. Tá, transformo o problema em aprendizado e faço o quê? Como com fritas?O grande lance seria ter mais satisfação, menos problemas, mas...nada que uma frase ridícula de biscoito da sorte não resolva,ok?
2. Eu mudo e lá fora nada muda...Se eu mudar de acordo com a forma que a vida vem me tratando ao longo dos anos, viro monstro e o Coringa perderia feio...
3. Ioiô vai...e volta! E, definitivamente, por ser objeto pode ser meu,seu,nosso...qualquer possessivo que o valha. Agora gente não é de ninguém, gente não é passível de se transformar em algo possuído. Amém?
4. O que é tudo? O que é nada? O que é o lixo do tempo, senão o fator angustiante que nos fustiga a alma?
5. E o problema nunca sou eu...porque eu sou "inteligente, bem-humorada,bonita, articulada e mereço alguém melhor". Ok, agora dá para parar o ensaio que eu quero a verdade?
6. Ok! Todo Poderoso, dá para desviar as porradas e o treinamento de ninja para outros que necessitam do aprendizado?...Porque afinal "tudo tem seu tempo" e que eu saiba, chute na bunda não fortalece musculatura de ninguém...

E é isso tudo...ou nada! Porque não dá para fingir o tempo todo, simular a tal falsa felicidade. As frases vazias não preenchem realmente expectativa alguma. E se é pra fortalecer que seja na carne viva, sem anestesia...ou fortalece,ou mata a alma.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Hollywood de Charles Bukowski

Acabei de ler o tal livro, Hollywood e, a grosso modo trata-se de uma história medíocre ( creio que com o claro propósito de criticar as celebridades de Hollywood),mas que conta com diálogos cortantes, verdadeiros, fantásticos...a personagem principal é um cara que em muito lembra meu querido Dr. House,ou seja, um cara que desistiu da humanidade.

"Paguei ao garçom, descemos dos tamboretes e nos dirigimos para a porta. Tornei a notar os blusões de couro, a suavidade dos rostos e a sensação de que não havia muita alegria ou audácia em nenhum deles. Faltava totalmente alguma coisa nos pobres sujeitos, e alguma coisa em mim doeu, apenas por um instante, e senti vontade de abraçá-los, consolá-los e beijá-los como um Dostoiévski,mas sabia que isso no fim não levaria a nada, a não ser ao ridículo e à humilhação, para mim mesmo e para eles. De algum modo, o mundo tinha ido longe demais, e a bondade espontânea jamais poderia ser tão fácil. Era algo por que teríamos de tornar a batalhar." ( pág. 67)

"_ Não,mas eu não sei o que fazer.
 _ Comece por algum lugar...
 _ Não tenho colhões. Estou muito preocupado com meu próprio rabo branco. Vamos nos juntar a esse alegre grupo aí e pegar mais umas bebidas.
_ É sua resposta pra tudo:beber.
_ Não, essa é minha resposta pra nada" (pág.132)

" Eu me lembrava de Jane subindo aquele mesmo morro, eu atrás carregando um grande saco de garrafas. Só que quando ela gritara "Eu quero um pouco de milho!" fora como se quisesse de volta o mundo todo, o mundo que de alguma forma perdera, ou o mundo que de algum modo a deixara de lado. O milho seria sua vitória, sua recompensa, sua vingança, sua canção." ( pág. 252)

Desistiu sim! Não há mais o brilho, a esperança...apenas uma coleção de decepções a partir daqueles que achamos que jamais nos decepcionarão... 

terça-feira, 5 de junho de 2012

A novela

Num momento catártico qualquer, logo após meia-noite, me acometeu uma ideia inédita, inaugurando em meu cérebro como célebre lançamento de novela das oito...

Uma das diferenças fundamentais entre os gêneros romance e novela é que, no primeiro, temos um núcleo de personagens principais aos redor dos quais se desenvolve toda a trama; no segundo, temos vários núcleos ( pobres,ricos,bonzinhos, malvados...rs) de personagens que atuam concomitantemente e com o mesmo grau de importância para o desenvolvimento da trama.

Definido! Vida é novela! E no auge de sua soberania, Deus - o diretor, vai assistindo nossas vidas, por vezes empolgado, outras enfadonhamente.Milhares de capítulos de novela mexicana da mais clássica!
E entre uma mudança de canal e outra ( posto que Ele não é muito chegado a comerciais...), acontecem os momentos mais tristes, mais sós, mais angustiantes, mais dolorosos...

Ops! Acho que meu canal está fora de sintonia há algum tempo...

domingo, 3 de junho de 2012

Quebra de paradigma I: o suicídio

Longe de mim usar este espaço para fazer apologia ao suicídio.Não é nada disso,mas com o decorrer do tempo, vamos aprendendo a nos despojar de certos julgamentos.
Antigamente ( nem tão -mente assim...), quando abordada sobre o assunto, eu terminantemente me colocava autoritariamente contra esse ato,julgando os suicidas como covardes, fracos e manipuladores...vá lá,manipuladores alguns devem ser,mas o ser humano é único e por isso, não cabe a mim julgar seus atos.
Acho que nessa época, eu ainda não estava tão sofrida e cansada para entender. O suicida, no final, não passa de uma pessoa que levou sua fé ao extremo! Ele aposta que, enfim, no momento derradeiro a vida possa surpreender e trazer a ele o alento, a paz, a felicidade perdidos...

Similar ao momento em que a garota grita que não quer mais,quando na verdade tudo que ela mais gostaria é que o garoto a tomasse em seus braços...

Similar à criança que tem um desejo frustrado e chacoalha os ombros dizendo nenhum pouco convincente :"eu não queria mesmo"...

Simples assim...

Andrea Doria