terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Livro do Desassossego - Bernardo Soares

Dizem alguns que tudo é acaso,coincidência,mas na minha singela opinião, coincidência não existe...
Até os livros que irrompem por nossas vidas,creio terem um porquê. É o caso do Livro do Desassossego, de Bernardo Soares - um dos heterônimos de Fernando Pessoa.
Pois é, costumo ler várias coisas ao mesmo tempo. Nas últimas duas semanas li Estorvo -Chico Buarque, Benjamin - Chico Buarque;mas é o Livro do Desassossego que tem falado diretamente com minhas neuroses mais profundas ( ou rasas?).
Inquieta estou,inquieto o livro me deixa. Sem reconhecer direito minha identidade,identidade é o que o livro questiona.Sem saber quais são os valores reais e ideais inerentes ao bicho-homem, o livro desfaz o circo social no qual vivemos...

Seguem por aqui, alguns trechos que refletem a maluquice que anda minha cabeça:

"Se escrevo o que sinto é porque assim diminuo a febre de sentir. O que confesso não tem importância,pois nada tem importância.Faço paisagens com o que sinto. Faço férias das sensações."

"Sou o contrário dos espiritualistas simbolistas,para quem todo o ser, e todo o acontecimento,é a sombra de uma realidade de que é a sombra apenas. Cada coisa,para mim, é, em vez de um ponto de chegada,um ponto de partida.Para o ocultista tudo acaba em tudo;tudo começa em tudo para mim."

"O amor é um misticismo que quer praticar-se,uma impossibilidade que só é sonhada como devendo ser realizada."

"No amor diferente do sexual,buscamos um prazer nosso dado por intermédio de uma ideia nossa."

"As relações entre uma alma e outra,através de coisas tão incertas e divergentes como as palavras comuns e os gestos que se empreendem,são matéria de estranha complexidade."

"Nada se penetra,nem átomos,nem almas.Por isso nada possui nada. Desde a verdade até a um lenço - tudo é impossível.(A propriedade não é um roubo:não é nada.)"

"Devaneio com o pensamento,e estou certo que isto que escrevo,já escrevi.Recordo.E pergunto ao que em mim presume do ser se não haverá no platonismo das sensações outra anamnese mais inclinada,outra recordação de uma vida anterior que seja apenas desta vida...
Meu Deus,meu Deus, a quem assisto? Quantos sou? Quem é eu? O que é este intervalo que há entre mim e mim?"

Isto dito,nada mais tenho a dizer...rs

Nenhum comentário:

Postar um comentário