segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Desenconto 13 - Los cumpleaños...

A lua seguia minguando no espaço...o céu meio encoberto, o clima ideal e mais uma vez iríamos para o Umbral. Véspera de feriado naquele recanto do planeta e grande parte da população da floresta seguiria em busca de néctar e projeções astrais. Combinamos de comemorar o aniversário de Andreas...
Seguimos eufóricos e falantes. Ancoramos na varanda, nosso espaço preferido, de onde podíamos observar melhor a noite alaranjada de lua escondida...
Extraordinariamente, naquele dia, havia uma convidada a conhecer o Umbral. Esta pessoa estava acostumada com esferas astrais muito pesadas, piores até que o inferno...onde as pessoas restauravam em suas almas a forma mais animalesca possível e se destituíam completamente de qualquer sentimento bom...
No entanto, tratava-se de uma antiga amiga de Lilith que até então nunca traíra sua confiança. O movimento no Umbral era grande, diversos espécimes humanos e sub-humanos buscavam fuga, distração, eventos casuais ou qualquer abalo sísmico...
Andreas estava divertido,porém não perdia seu ar grave consultando o relógio feito o coelho de Alice...acho que aniversários funcionam como reveillon pessoal, onde as esperanças se renovam e queremos da vida o melhor presente possível.
A quantia de néctar que circulava em nossa mesa, nossas mãos e nossas bocas era infinita. Nossas línguas se enrolavam nos discursos que tentávamos estabelecer e, de certa forma, conseguíamos nos entender...
Lilith percebe então coisas estranhas a seu redor...a verdade perante seus olhos é quase inacreditável...sua amiga literalmente se jogando no colo ( literalmente!) do aniversariante. Talvez, ela quisesse dar de presente a ele mais do que uma conversa agradável...
Nesse momento, Lilith resolveu deixar seu corpo sentado a mesa e acabou levando a alma para outros lugares: uma fonte, uma nuvem, a lua, o colo de sua avó e Marte...qualquer fuga era melhor do que testemunhar o que estava prestes a acontecer. Até porquê, ela nada poderia falar, nada a fazer; aceitar sorrindo seria a solução mais madura para encarar aquele jogo de copos e corpos cujo final era óbvio...
O chão tornou-se escorregadio aos pés descalços de Lilith...e ela buscava apoio segurando nas bordas da mesa, sem paz interior,mas com o sorriso estampado no rosto.
O relógio cuco instalado no telhado do Umbral , enfim, anunciou a meia-noite! Ao som de um blues, abraçamos Andreas desejando dias melhores, e se possível, a felicidade inteira e tão almejada ( contanto que não fosse a amiga de Lilith!!!!!). Talvez, alvejado por certa emoção que acomete os aniversariantes que comemoram no Umbral, Andreas trocou abraços e palavras carinhosas com cada um dos amigos, foi um momento que pareceu bem verdadeiro aos olhos de Lilith, ainda que parte de sua alma estivesse em Marte...
A amiga de Lilith confundia o Umbral com os lugares malignos que frequentava, onde não havia respeito ou consideração por uma longa amizade. Tudo bem, a antiga sabedoria das tabernas preconizava que "é a vida", de qualquer jeito temos que encarar...
Repentinamente, o Umbral estava infestado pelos espíritos malignos que acompanhavam a amiga de Lilith. Todos ficaram alterados,até Malu e Johnny se desentenderam...
O céu mudava de cor,alternando o laranja com um roxo funesto...Lilith disfarçava a ansiedade e a raiva...pedia que aquilo tudo fosse uma ilusão de ótica causada pela alternância das cores no céu!Sem que Lilith percebesse como ocorrera, Gaudério estava agarrado à amiga de Lilith!!!Num salto improvável, sua alma retornou a seu corpo...e com alívio, ela entornou um caneco de néctar bem gelado. Ela ainda não estava preparada para encarar a verdade, às vezes isso leva tempo...
Malu percebeu a recente aflição passada pela amiga e convidou ela e Andreas para irem recarregar as energias numa caminhada pela parte íngreme da floresta, isso seria restaurador. Caminharam mais do que haviam previsto e acabaram parando na casa de uma velha conhecida, onde Malu e Lilith saciaram a fome com pães recentemente assados. Já Andreas, preferiu carregar seu pão num saquinho pardo e seguiu caminhando floresta adentro, sem olhar para trás, rumo sua casa...

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